15º Festival Porta-Jazz [Contra o Relógio, a Favor do Tempo]
Schedule
Tue, 28 Jan, 2025 at 09:00 pm to Sun, 02 Feb, 2025 at 11:45 pm
UTC+00:00Location
Teatro Rivoli | Porto, PO
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15º FESTIVAL PORTA-JAZZ [Contra o Relógio, a Favor do Tempo]O tempo: bem escasso, susceptível de usos alternativos. Na economia da atenção, quão anti-lógico será hoje pedir-se: o tempo de um concerto, em exclusivo! Ou dois, ou três, um festival inteiro... Ou então: parai todos os relógios! Revogai o calendário de reuniões zoom, o ticket do estacionamento, a hora de ir buscar os filhos à natação, o prazo para trocar o casaco que não serve, a corrida contra o engarrafamento na VCI! Menos ainda queremos sucumbir ao tempo urgente e efémero das redes, do consumo, dos anúncios, o tempo de usar e deitar fora, o tic-tac das notícias, o irreflectido das opiniões. O antídoto é tão ingénuo quão eficaz: no Festival Porta-Jazz construamos, pelo menos por instantes, um tempo novo e diferente.
Tempo índice. Reflexo de um ano que é actividade da Associação Porta-Jazz, quotidiana em contínuo, concertos, residências artísticas, lançamentos discográficos, jam sessions às sextas, duos de música exploratória nos Maus Hábitos às terças, exposições, circulação fora de portas, o corre-corre diário de ensaios no Espaço Porta-Jazz, no sofá da galeria o guitarrista dorme abraçado ao instrumento, alguém toca piano na sala 2, está já desde manhã cedo (há tempos e tempos...) às voltas com a mesma melodia, enquanto que no jardim o tempo das podas passou e agora é tempo de pousio.
Tempo extemporâneo. Bill Evans falava de um tipo de arte visual japonesa na qual se pinta com um pincel especial um pergaminho tão fino e de tal forma esticado que se rasga se a linha for interrompida—há pois que avançar sem tempo para ponderações supérfluas mas com a máxima convicção, o que é infernalmente exigente, convocando a mesma "disciplina severa e única que é a do músico de Jazz e improvisador". Disciplina que decorre do fluir inelutável e irreversível do tempo. Roma, 1968: Frederic Rzewski vira o gravador de bolso para Steve Lacy. "Consegues descrever em 15 segundos a diferença entre composição e improvisação?" Lacy: "Na composição tens todo o tempo para decidir o que dizer em 15 segundos, enquanto que na improvisação tens 15 segundos."— e a resposta demorou exatamente 15 segundos. Mas ainda, porém, é a música que verdadeiramente faz o tempo, tempo cronométrico, estrutural, transcendente, linear ou não-linear, horizontal ou vertical, suspenso, cíclico, simétrico, processual, o tempo do cosmos, o tempo do corpo, emergência e pulsação.
Tempo planetário-social. Isto é, aquele que se mede já não em segundos mas em anos. Pois este é o 15.º ano de Festival! O tempo foge e sabemos disso porque tudo muda. A Associação Porta-Jazz consolidou-se hoje como um pólo de reconhecida vitalidade e o centro de uma comunidade com sede no Porto mas de alcance mundial. A vida anda, a comunidade é agora multigeracional. E um ano inteiro é desde logo um ano inteiro de edições discográficas, que o cartaz celebra. Acácio Salero lidera um quarteto a partir da banqueta de baterista. Joana Raquel canta belíssimas canções cheias de ar e audácia, na cadência do respirar. Gonçalo Marques e Demian Cabaud recebem as frases angulares e lépidas de John O'Gallagher e a ponderação e experiência de Jeff Williams. Cabaud também com o seu quinteto e o disco "Árbol Adentro", mestres tanto do tempo dos grandes gestos como do balanço dos micro-tempos. João Fragoso "Canta Derrocada", sentados nos escombros e ainda assim confiantes no porvir — luz e sombra. Os Paira pairam entre o tempo métrico e o tempo livre. Os Godua inspiram-se no presente e futuro incertos dos corredores do centro comercial Stop. João Próspero e "Sopros", jovens com futuro à frente, virtuosos de estéticas doutrora. Ou não começasse o Festival precisamente no mês de Janus. O duplo olhar que aliás serve de mote a todo o programa.
Tempo espaço. Na periferia, a distância, viagens longas e caras, e pior: como se diz, longe da vista... A Porta-Jazz atalha caminho, faz parcerias com entidades também geridas por músicos: a AMR-Genève (Suiça) com o quarteto de Emmanuelle Bonnet, a Bezau Beatz (Áustria) com How Noisy Are The Rooms?, a Improdimensija (Lituânia) com Agustí Fernández e Liudas Mockūnas, e noutra escala, a Robalo (Lisboa) com Sonic Tender. Projectos em vai-e-vem, artistas destacados na montra do Festival.
Ars longa. Efémero de um solo, de um tempo/contratempo; ou tempo que perdura em obras novas. José Soares traz “Soma”, o espectáculo interdisciplinar que criou com a artista Várvara Tazelaar, no contexto de uma (já duradoura) parceria com o Festival Guimarães Jazz. A estrear, o Ensemble Mutante #2, conduzido por Kaja Draksler, com três vozes, em cada qual a duração plácida do ritmo da vida. Para abertura do programa, o duo Lukraak desdobrando andamentos nos Maus Hábitos.
A seu tempo. Crianças, que como se sabe são o futuro, e suas famílias divertem-se em “Diversão / Improvisação”. Conservatório do Porto, ART´J e ESMAE apresentam os alunos, e à noite há sempre lugar a jam session, tempo de aprendizagem, partilha, espontaneidade, tempo bem passado, com Rui Miguel Abreu a passar discos ajudando à festa. E toda a gente é convidada para, num ápice, integrar um “Coro Instantâneo”.
Em “Ursa Maior”, um grande ensemble celebratório com membros da Porta-Jazz. Para que o tempo se expanda num infinito de memória e esperança. Espectáculo sem o afã vácuo da sociedade do espectáculo.
Com o tempo de feição, avançamos rumo à música sem rumo certo.
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28 janeiro, 21:30 | Lukraak (NL, SE), Maus Hábitos
30 janeiro, 21:30 | Acácio Salero "Samurai Magazine" (PT) Espaço Porta-Jazz
31 janeiro, Teatro Rivoli
17:00 - Masterclass com Agustí Fernández
18:15 [Bloco 1]
Palco Grande Auditório:
Joana Raquel "Queda Áscua" (PT) + Agustí Fernández / Liudas Mockūnas (ES, LT)
21:30 [Bloco 2]
Grande Auditório:
Marques/Cabaud feat O'Gallagher & Williams "Wabi-sabi" (PT/AR/US) + Ursa Maior(PT, ES)
23:30 - TMP Café - ESMAE + jam session
1 fevereiro, Teatro Rivoli
15:00 - TMP Café - Conservatório de Música do Porto
16:00 [Bloco 3]
Palco Grande Auditório + Sub-palco:
Paira (PT,ES) + How Noisy Are the Rooms? (DE, CH, AT)
18:15 [Bloco]
Pequeno Auditório:
João Próspero "Sopros" (PT) + Emmanuelle Bonnet Quartet (CH, DE)
21:30 [Bloco 5]
Grande Auditório:
José Soares "Soma" (PT, AR, IL) + Fragoso Quinteto "Canta Derrocada" (PT, ES)
23:30 - TMP Café: Rui Miguel Abreu + jam session
2 fevereiro, Teatro Rivoli
11:30 - Sala de Ensaios: Diversão / Improvisação
17:00 - TMP Café: Coro Instantâneo
18:15 [Bloco 6]
Pequeno Auditório:
GODUA "STOP" (PT) + Sonic Tender (PT)
21:30 [Bloco 7]
Grande Auditório:
Demian Cabaud "Árbol Adentro" (AR, PT) + Ensemble Mutante #2 - Kaja Draksler (SI,PT)
23:30 - TMP Café: Baile swing + jam session
Bilhetes:
7 eur por Bloco de concertos (descontos Membros Porta-Jazz, e descontos habituais do
TMP). Entrada Livre nas atividades realizadas no Café TMP. 2,5 eur por pessoa na
atividade “Diversão / Improvisação”
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Where is it happening?
Teatro Rivoli, Praça D. João I,Porto, PortugalEvent Location & Nearby Stays: